Passei umas férias , de Verão em Israel, de dia caminhava entre Jaffa e a avenida marginal de Telavive. Uns quilómetros na hora do calor, interrompidos para entrar na água quente do mar de Jerusalém.
Nesses dias que vivi em Telavive, esperei a noite, para espiar as vivências deste povo, Israel, independente, em 1948 é ainda criança, mas o que, se encontra debaixo, da bata desta cidade, é um doseamento astuto de descaramento e compostura, café forte e bem tirado, galerias de objectos vintage onde me perdi, artistas e designers. Uma cidade que nunca adormece.
Nem todos são religiosos, Telavive tem um ambiente secular. O Inglês é, muitas das vezes, incipiente e o hebraico intricado e fechado com um som robusto a rematar as frases. Nas ruas os gestos e berros servem para fechar os negocios nos mercados. Não há muitas explicações aos turistas,em Israel não se facilita, sem cultura de serviço, as russas que fazem de empregadas de mesa não se esforçam em melhorar o jeito para o atendimento. A rudeza é da praxe e se a gorjeta for pequena, elas devolvem-na. Toda a gente á assertiva, diz-se o que se pensa. Há jovens em princípio de vida com ideias no futuro e há quem, se detenha simplesmente ao som do mar ou ao ruído que paira nas ruas.
Quando visitei Jerusalém, tive a maior experiência espiritual fora do meu país, esta cidade apesar de apertada e ensopada na neblina de calor, apesar de ser o tumulo dos reis de três religiões, os Cristãos Apostólicos Romanos,os Judeus e os Muçulmanos, apesar da água benta ser tantas vezes transformada em desespero e mágoa e a elasticidade ser esquecida pela brutalidade, apesar do resentimento dos vivos que guardam o luto dos que morreram na guerra que perdura, alimentando assim o impulso da vingança e apesar das almas confusas que anceiam por conflito, jerusálem é intimidade. Uma intimidade feita de males, em que estão lá os que não se quiseram render e os que sabem valer-se não se deixando devorar pelos seus próprios sentimentos. Israel tem mérito e tem qualquer coisa mais, impossivel de não se amar, muito além.