Poucas vezes, me preocupei com o futuro, preocupei-me mais em estar sempre alegre. Poucos gritos e menos precipitações da janela. Acredito, que não se devem repetir os sons que não têm finalidade. Acho a beleza obscenamente suportável e a inteligência a maior das diversões.
Tenho várias idades. Acho-me sempre longe do fim, como no dia em que aprendi a largar os pudores da juventude. Como qualquer coração que se aperta tenho o raciocínio e o que sinto. Gosto de pensar grande. Adoro o mundo. Preparo-me, para a dor física, para o que possa afectar a vitalidade, principalmente quando não é passageira. Mas, sei esquecer as primeiras dores, e gosto de me rodear de quem fez esta aprendizagem de egoísmo. Antes de escrever, aprendi que o corpo é o que está mais perto da alma. E que, isto não se encomenda.
Não gosto de falsas afeições, não passam de taças repletas de amargura, não padeço de nenhum mal estar mortífero, e aborrece-se a visão de límpidas e simples vidas respeitáveis, com espaço e calma, ordem e optimismo. Tenho uma necessidade humana de me desafiar, de demolir , de opor e separar. Sem querer tudo, quero as coisas que se sucedem, posso até, não ser inocente mas conservo a atitude pueril de projectar o paraíso. Não quero, toda a compreensão, porque essa nada tem a ver com vida em pleno. E, se posso ter o mar porquê ficar-me pela experiência da costa, ou da aldeia se posso ter o mundo. O sorriso se posso ser a gargalhada. Falo disto, muitas vezes, com o louco guerreiro que há em mim.