” Menina sábia”

Cintilava como uma figura simples e verdadeira, fez história como uma criança, personagem de banda desenhada, preocupada com a humanidade e com a paz no mundo. Quino, o seu autor de origem Argentina inventou uma especialista em humor que passou a vida a dar-nos alegria. Os nossos rostos sérios e duros desapareciam, perante esta miúda forte, baixa de ombros largos, não particularmente bonita mas divertida, que detestava sopa e adorava os Beatles.

Mafalda, de olhos grandes e sonhadores, a transbordar de jovialidade infantil fazia-nos transbordar de divertimento e de entusiasmo, fez-nos ver o argueiro nos olhos do outro e, ao mesmo tempo a trave nos nossos olhos, qual improvável contestatária que se rebela. O seu humor, corrosivo sobre a realidade que a tornou celebre ao longo destes 56 anos e nos chegava em modo de comentário político, foi traduzido em mais de 30 línguas.

Mafalda bondosa, egoísta e mimada tinha a doçura de uma criança e a arrogância de um pequeno génio. A sua velha fotografia sépia poderá vir a ser inspiração para um romance inteligente sobre paixões e inibições, sobre a importância e a largueza dos espíritos. Quino, cartoonista e homem tímido e reservado  criou a Mafalda que reinou sempre no catre da sua autoridade, disse um dia que ; gostaria de ser recordado como “ alguém que fez pensar as pessoas sobre as coisas que acontecem”. Entrou na morte,  com muitas conversas pendentes, com muitas coisas por contar.

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